
PorJair Viana
A prisão de Jair Bolsonaro, agora iminente após a rejeição unânime dos embargos pela Primeira Turma do STF, representa um ponto final trágico para uma trajetória política singular. Sua carreira, construída ao longo de décadas pelo voto popular e marcada por uma ascensão que o levou ao mais alto cargo, demonstrava seu profundo enraizamento como líder da direita brasileira. Neste momento, ele emergiria naturalmente como favorito e peça central na disputa pelo palácio que habitou, tal era sua força eleitoral comprovada.
No entanto, esse mesmo caminho de sucesso foi abruptamente interrompido por suas próprias ações. Ao optar por articular e liderar uma trama golpista para se manter no poder, Bolsonaro não apenas desrespeitou a vontade das urnas, mas também sabotou deliberadamente o seu próprio legado político. O estrategista que soube conectar-se com as urnas como poucos foi o mesmo que, incapaz de aceitar a derrota, cavou a sepultura de sua relevância nacional.
O epílogo judicial que se aproxima é, portanto, mais do que uma mera responsabilidade legal; é o desfecho político de uma escolha fatal. O líder que poderia ditar os rumos da oposição preferiu seguir o caminho do autoritarismo, trocando um futuro de influência pelo isolamento e pela prisão. Sua história serve como um severo aviso sobre os riscos de colocar a ambição pessoal acima dos princípios democráticos.


