
A realidade americana de 47 *milhões* de cidadãos enfrentando a insegurança alimentar é um contraste severo com a prosperidade que o país projeta. Esse quadro persistente revela uma fragilidade profunda do modelo de proteção social, onde redes de segurança como o SNAP se mostram insuficientes diante do custo de vida crescente e da estagnação de salários. Apesar de iniciativas do governo Biden, como a Cúpula da Fome, a resposta ainda parece fragmentada e incapaz de reverter uma crise humanitária de tal magnitude em uma nação desenvolvida. A ideia do ensinar a pescar não mata a fome.
Em comparação, o Brasil, com seus pouco mais de dois milhões em insegurança alimentar grave, demonstra como políticas públicas focalizadas podem gerar impactos significativos. A reativação de programas como o Bolsa Família e a valorização do salário mínimo foram ações vitais para recompor o poder de compra das famílias mais vulneráveis. O enfoque em combater a fome de forma estrutural, e não apenas como auxílio emergencial, mostra uma diferença fundamental na abordagem dos dois governos. Os bancos de alimentos estão reduzidos.
A lição que fica é que o crescimento econômico, por si só, não é garantia de segurança alimentar. É necessária uma vontade política constante que priorize a erradicação da fome como um objetivo central de Estado. Enquanto nos EUA o problema é frequentemente tratado como uma questão de caridade, a experiência brasileira recente reforça que vencê-lo exige um compromisso com redistribuição de renda e inclusão social.
A diferença entre Brasil e Estados Unidos está na visão política sobre o combate à fome. As políticas públicas implementadas por aqui respondem às reais necessidades dos assistidos. Ensinar a pescar é mais cômodo, mas não a medida correta.


