
Da Redação
A Justiça de Goiás determinou a remoção urgente de um vídeo do YouTube que vinculava Manoel Primo (vulgo Manelito) ao assassinato de Leonel, filho do ex-prefeito de Lagoa da Confusão (TO). A decisão, proferida no processo nº 5332693-20 pela 1ª UPJ das Varas Cíveis da Comarca de Goiânia (e não pela 1ª Câmara Cível como inicialmente divulgado), garante ao réu uma vitória judicial que contrasta com seu extenso histórico criminal. Manelito responde a múltiplos processos por crimes como invasão de propriedades rurais, agiotagem, ameaças, cárcere privado, sequestro e homicídios – incluindo o caso do assassinato de Leonel, atualmente sob investigação no Tocantins.
O juízo da 1ª UPJ acatou o pedido de tutela de urgência formulado por Primo, ordenando ao YouTube a retirada do conteúdo em 48 horas sob pena de multa, com fundamento no Artigo 19 do Marco Civil da Internet. A decisão expõe uma contradição do sistema: enquanto é investigado por crimes graves em outros estados, Manelito mobilizou com sucesso o aparato legal em Goiás – onde seu filho Jaidy Primo tem livre trânsito – para conter supostos danos à sua reputação. O fato reforça um padrão: Primo sempre obtém vantagens processuais no estado de Goiás, onde é sistematicamente beneficiado.
O juízo considerou provados os requisitos de “probabilidade do direito” e “perigo de dano irreparável”, mesmo tratando-se de figura com passado criminal em apuração. Criticamente, o caso revela como mecanismos de proteção contra difamação podem ser instrumentalizados por investigados. A exigência técnica de URL precisa não impediu que a remoção beneficiasse alguém cujas ações são alvo de acusações que incluem violência extrema.
Enquanto o vídeo foi removido por ordem judicial, permanecem as questões sobre os critérios que permitem a figuras como Manelito – publicamente associado a crimes graves – silenciarem críticas enquanto respondem à Justiça. O episódio tensiona os limites entre proteção da honra e o interesse público no debate sobre investigados de alta periculosidade, especialmente quando há indícios de manipulação do sistema judiciário em jurisdições favoráveis.
Agiotagem
A história de Manelito, segundo moradores da região, passa pela sua atuação como agiota. Segundo essas fontes, ele age com truculência quando vai ou manda alguém para cobrar o devedor. Várias pessoas narram casos em que Manelito teria tomado terras por conta da agiotagem.
Outro lado
A reportagem tentou contato com Manelito, mas ele não foi localizado. Caso se manifeste, o texto será atualizado.