Enquanto promotores e procuradores têm altos ganhos e “penduricalhos”, servidores são abandonados
Em meio a tensões institucionais, o Sindicato dos Servidores do Ministério Público de São Paulo (Sindsemp-SP) fará mais um ato nesta segunda-feira (13) contra o que classifica com o perseguição sindical e assédio moral no âmbito do MPSP. O movimento ganhou força após a instauração de processos administrativos e criminais pela Procuradoria Geral de Justiça (PGJ) contra dois dirigentes da entidade, Ticiane Lorena Natale (foto), presidenta, e Leandro Avancini, diretor. Os líderes foram acusados de calúnia e difamação após um ato realizado em 13 de fevereiro de 2025, quando servidores protestaram em frente à sede da instituição, em São Paulo, exigindo a retomada das negociações salariais iniciadas em 2024 e denunciando disparidades dr remunerações entre membros e servidores.
O protesto, amplamente divulgado pela imprensa, destacou críticas à priorização de benefícios a membros do Ministério Público, em detrimento de investimentos em infraestrutura e serviços públicos. O Sindsemp-SP argumenta que parte dos recursos destinados a “penduricalhos” — vantagens salariais que ultrapassam o teto constitucional — deveria ser realocada para melhorias internas e valorização dos servidores. A criminalização das lideranças, segundo o sindicato, representa um esforço para intimidar quem expõe contradições da instituição, reforçando a falta de diálogo com a categoria.
A gestão “Nenhum Servidor a Menos”, à frente do Sindsemp-SP, surgiu em 2024 como resposta a casos de assédio institucional e após o suicídio de três servidores, tornando-se símbolo da luta por condições dignas de trabalho. A mobilização atual integra um contexto nacional: o Encontro Nacional dos Servidores do MP, organizado pela Federação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos Estaduais (FENAMP) e pela Associação Nacional dos Servidores do Ministério Público (ANSEMP). O ato público marcado para 14 de abril, às 13h30, em frente a sede do MPSP na Rua Riachuelo, 115, em São Paulo, encerrará o evento e contará com participação de entidades de todo o país.
O Sindsemp-SP denuncia que as ações do PGJ configuram perseguição política e práticas antissindicais, contraditórias para uma instituição que deveria zelar pela democracia. A entidade recebeu apoio de diversas associações e sindicatos, que veem na repressão um risco à liberdade de expressão. O chamado para o ato ressalta a defesa da bandeira “Nenhum passo atrás, nenhum servidor a menos”, em alusão à resistência contra retrocessos e ao combate à violência institucional. A presença de apoiadores é incentivada como forma de pressionar por transparência e equidade no tratamento dos servidores públicos.