

Sobre cadáveres, resultado de uma operação desastrosa, governadores cumprimentam o governador fluminense, Cláudio Castro, pela carnificina que protagonizou na terça-feira, 28
Em um espetáculo de cinismo político difícil de igualar, governadores se reuniam não para cobrar respostas sobre as cento e vinte e uma vidas perdidas, mas para solidarizar-se com o autor intelectual desta tragédia. A reunião transmite a nítida mensagem de que a vida das vítimas, majoritariamente pobres e negras, é mero detalhe diante da necessidade de blindagem política. Enquanto famílias choram seus mortos, a elite política fecha questão em defesa de um projeto de morte.
A tentativa desesperada de arrastar o governo federal para o necrotério fluminense é a manobra mais repulsiva. Buscam, claramente, criar um escudo de conivência, manchando o governo Lula com o sangue derramado por uma política de segurança fracassada e brutal. É uma jogada para diluir a responsabilidade única do governador, que comandou uma operação marcada pelo desprezo aos direitos humanos e pelo resultado catastrófico.
Esta reunião de apoio não apaga a carnificina, apenas expõe a podridão de uma política que normaliza o extermínio. Mostra um pacto macabro entre gestores que veem nos corpos da periferia o combustível para suas narrativas de ordem. A única lição que fica é a de que, para estes governantes, algumas vidas valem menos que a proteção de seus pares.
 
			 
                                
 
							
