
Filho de Jair Bolsonaro expõe fragilidade e inabilidade política; tá de birrinha com Donald Trump que tirou Magnitsky de Xandão e sua esposa
A nota do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), emitida do seu exílio voluntário nos Estados Unidos, logo após a retirada da aplicação da lei Magnitsky sobre Alexandre de Moraes e sua esposa, numa análise simples, é um documento que atesta seu completo amadorismo político. Ao lamentar, em tom fúnebre, a decisão do presidente Donald Trump em relação ao ministro Alexandre de Moraes, ele “passa recibo” de sua estratégia falida: apostar todas as fichas na ingerência de uma potência estrangeira para resolver conflitos políticos domésticos. Essa postura revela uma abdicação gritante do papel de parlamentar, que deveria construir soluções dentro das instituições brasileiras.
O tom da mensagem, avalizado pelo extremista de direita, jornalista Paulo Figueiredo, é de derrota e autojustificativa. Ao culpar a “falta de coesão interna” da sociedade brasileira, o deputado foragido inverte a lógica: não foi o povo quem falhou em se unir aos seus delírios golpistas, mas sua facção que fracassou em convencer a nação com propostas e diálogo. A “janela de oportunidade” a que se refere não era democrática, mas a esperança vã de um salvador externo que impusesse sua vontade sobre a soberania nacional, um projeto politicamente rudimentar e eticamente indefensável.
A nota expõe o descolamento total de um político que, longe do país, fantasia sobre sua “libertação” enquanto ignora os verdadeiros mecanismos de mudança em uma democracia: o voto, o debate e o respeito às leis. Sua frustração com Trump é a frustração de quem não compreende que a política internacional é movida por interesses concretos, não por lealdades ideológicas de curto prazo. Esperar que os Estados Unidos priorizem uma rixa pessoal contra um ministro do STF em detrimento de relações de Estado foi um cálculo de uma ingenuidade política assombrosa.
Por fim, o apelo final, pedindo que Deus tenha misericórdia do povo brasileiro, soa como a conclusão lógica de quem não tem mais o que oferecer. É a admissão tácita de que seu projeto se esgotou, restando apenas a retórica vitimista e a espera por um milagre. A verdadeira misericórdia que o Brasil precisa é de políticos que atuem dentro da lei, no território nacional, enfrentando os problemas reais com habilidade e responsabilidade, e não de exilados que depositam a soberania do país nas mãos de um aliado externo.


