

A fala do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, longe de ser um mero exercício de equilíbrio institucional, revela um tom sutilmente ditatorial que busca manter o STF refém do Congresso. Sob o verniz do “diálogo entre Poderes”, esconde-se o desejo de controle político sobre a Corte, ancorado em um dispositivo arcaico de 1950 que a Constituição de 1988 jamais recepcionou. Alcolumbre (foto-1) e seu aliado Hugo Motta (foto-2), agem como os “cabo e soldado” que Eduardo Bolsonaro disse precisarpara frchar o SupremoTribunalFederal, disfarçando agora o ataque sob uma retórica de preservação de “freios e contrapesos”.
A decisão do ministro Gilmar Mendes, ao garantir ao Procurador-Geral da República a autonomia para iniciar processos de impeachment, não viola qualquer princípio; pelo contrário, fortalece um controle republicano e técnico, blindado das negociatas políticas que frequentemente dominam o parlamento. O suposto “poder do povo” invocado por Alcolumbre é uma falácia perigosa, pois na prática se traduz em denúncias manipuladas por caciques partidários, sem qualquer filtro jurídico — um cenário que só serviria para transformar a Suprema Corte em moeda de troca de interesses espúrios.
A verdadeira ameaça à democracia não está na autonomia do Ministério Público, mas na tentativa do Congresso de sequestrar a independência do STF, mantendo seus ministros sob a constante ameaça de um impeachment politizado. Enquanto parlamentares como Alexandre Ramagem e Carla Zambelli permanecem impunes no exercício ilegal de seus mandatos, a obsessão por controlar a Corte expõe um projeto claro: subverter a separação de Poderes para garantir a impunidade de aliados e a intimidação de quem os julga.
Estamos diante de mais um capítulo do malfadado golpismo iniciado no final de 2022. Alcolumbre e Motta querem decretar a submissão do STF aos caprichos do pior Congresso Nacional já eleito. Querem o domínio da Corte, subvertendo o princípio constitucional da independência dos poderes.


