
Por Agenor Duque
Um corpo vindo das profundezas do espaço atravessa o sistema solar neste exato momento. Chamado de 3I/ATLAS, ele é apenas o terceiro objeto interestelar já identificado pela humanidade, depois de ʻOumuamua e Borisov.
Mas, ao contrário dos dois anteriores, este desperta mais do que curiosidade astronômica: provoca inquietação.
Descoberto em julho de 2025, o 3I/ATLAS percorre uma órbita hiperbólica, típica de visitantes de fora do nosso sistema. Seu ponto mais próximo do Sol ocorrerá no final de outubro, e a passagem mais próxima da Terra deverá acontecer a cerca de 270 milhões de quilômetros.
Distância segura, mas comportamento estranho.
As imagens captadas mostram uma cauda invertida e uma luminosidade que desafia a explicação simples.
Como se o objeto tivesse uma “vida própria”.
Dados coletados pelo telescópio espacial James Webb indicam uma composição química atípica, dominada por gases que raramente se manifestam dessa forma em cometas.
Diante disso, a Rede Internacional de Alerta de Asteroides, ligada à NASA, organizou uma ampla campanha de observação entre novembro e janeiro.
Oficialmente, um exercício técnico.
Na prática, um monitoramento global de defesa planetária.
A justificativa: testar métodos de medição em um corpo que não se comporta como deveria.
Pesquisadores calculam que o 3I/ATLAS pode ter mais de sete bilhões de anos, o que o tornaria um viajante de outro tempo, talvez testemunha de sistemas estelares que já não existem.
Outros enxergam algo além da ciência: um símbolo, um lembrete de que o universo continua a nos observar enquanto nos distraímos com guerras, disputas políticas e ruídos da Terra.
Num mundo que se fragmenta por dentro, um visitante antigo cruza o firmamento em silêncio.
Não traz aviso de destruição, mas uma pergunta.
De onde viemos?
Para onde estamos indo?
O 3I/ATLAS talvez desapareça tão rapidamente quanto chegou.
Mas sua passagem marca um momento raro em que o homem é forçado a olhar para cima e admitir o quanto ainda ignora.
Talvez não seja apenas um cometa.
Talvez seja um espelho do próprio destino humano.
Assinado: Agenor Duque


