
Por Agenor Duque
O avanço da digitalização financeira no Brasil, antes motivo de orgulho e inovação, agora vive seu momento mais delicado. Dois projetos do Banco Central, o DREX e o novo botão de contestação do PIX, acenderam o alerta vermelho entre especialistas e empresários. O primeiro perdeu o rumo; o segundo, embora criado para combater golpes, pode abrir espaço para novos.
O fim da moeda digital brasileira
Depois de anos de investimento e promessas de modernização, o DREX, versão digital do real, tropeçou nos próprios códigos. Fontes ligadas ao Banco Central confirmaram a portais como Tecmundo, Olhar Digital e Valor Investe que o projeto não atendeu aos padrões de segurança e privacidade exigidos. A infraestrutura em blockchain, base do sistema, apresentou falhas e vulnerabilidades que inviabilizaram sua implementação como moeda de uso popular.
A proposta inicial era ousada: criar uma CBDC nacional que tornasse as transações instantâneas e rastreáveis, ampliando o controle tributário e a eficiência estatal. Mas, na prática, os engenheiros não conseguiram consolidar os protocolos de proteção desejados. Agora, o DREX deve ser reformulado para operações corporativas e institucionais, afastando-se do consumidor comum. Analistas enxergam o recuo como um passo estratégico em pleno ano pré-eleitoral, quando o governo evita desgastes em projetos impopulares.
O PIX e a porta aberta para abusos
Enquanto o DREX dá marcha à ré, o PIX avança com uma nova funcionalidade que divide opiniões. Desde outubro, os usuários podem contestar transferências alegando fraude ou coação. O banco, então, tem até sete dias para analisar o caso e onze para devolver o valor ao pagador.
A medida foi apresentada como reforço à segurança, mas especialistas em direito digital e empresários do varejo online enxergam um risco: o sistema pode ser explorado por pessoas de má-fé. Em um país onde, segundo a FEBRABAN, ocorre uma tentativa de golpe a cada seis segundos e mais de setenta milhões de brasileiros estão endividados, o perigo de fraudes disfarçadas de contestação é real.
Com um clique, um comprador arrependido pode alegar fraude, bloqueando valores legítimos e prejudicando o fluxo de caixa de quem vende. Sem um mecanismo rápido de defesa para o recebedor, a confiança no PIX pode se deteriorar, o mesmo caminho trilhado pelo DREX.
Uma nação entre inovação e desconfiança
O Brasil se tornou referência em inclusão financeira digital, mas o preço da velocidade é a vulnerabilidade. A combinação de tecnologia avançada e ética precária cria um cenário explosivo. O colapso do DREX e o risco de abuso no PIX evidenciam uma crise mais profunda: a confiança tecnológica nacional.
Entre algoritmos falhos, decisões apressadas e leis ainda em adaptação, o cidadão honesto segue exposto, observando a promessa de modernidade se transformar, mais uma vez, em um experimento de risco.
Assinado: Agenor Duque


